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Uma odisseia alvinegra

  • Foto do escritor: Manoel Costa
    Manoel Costa
  • 19 de mai.
  • 4 min de leitura

Como diz o saber popular: a primeira vez ninguém esquece. E a minha primeira vez na Arena Corinthians não tinha como ser diferente. O ano era 2021, mais precisamente no dia 13 de setembro de 2021. A partida era Corinthians x Cuiabá. Como morador de Londrina, no norte do Paraná, não era tão fácil assim esse deslocamento, então foi necessário recorrer ao feriado da Proclamação da República no dia 15, para finalmente fazer uma viagem até São Paulo e conhecer a Neo Química Arena.

O planejamento da viagem, como normalmente ocorre, foi feito todo nas coxas, tive que convencer minha esposa flamenguista a pagar os 200 reais (sim, deixei pra última hora e só tinham ingressos mais caros) pra assistir ao jogo junto comigo. Parcelamos tudo em 10x, além de outros gastos esporádicos de viagem, de um jeito ou de outro conseguimos nos organizar. Ou pelo menos era o que imaginávamos.

No dia da viagem, a previsão de chegada em São Paulo era as oito da noite, e o jogo começaria as nove da noite. Arriscado? Muito. Inocência da minha parte acreditar que daria tempo? Com toda certeza. O ônibus atrasou em pouco mais de uma hora, e nesse meio tempo eu sofria sentado na poltrona, vendo a hora correr. O jogo começou e já saiu o gol do Giuliano logo aos 3min, quando eu ainda desembarcava na Rodoviária da Barra Funda. “Bom, vou conseguir pegar o segundo tempo inteiro, ao menos”, pensava. Não tinha como estar mais errado.

giuliano comemora gol diante do cuiabá
Foto: Rodrigo Coca/Corinthians

Já na rodoviária, começou o desespero de um casal que estava pela primeira vez em São Paulo. Mal sabíamos usar o metrô. O primeiro passo foi pegar um Uber para o local onde passaríamos a noite, um prédio obscuro na rua dos Andradas, no tenebroso Centro de São Paulo, pra guardar as malas (somente no outro dia descobri que dava pra ter guardado as malas na própria rodoviária). Chegando lá, já pedimos outro Uber até a estação de metrô mais próxima, o da República. No guichê, descobrimos que só aceitavam dinheiro e as máquinas de cartão não estavam funcionando. Sem saber muito bem o que fazer, chamamos outro Uber, agora para nos levar direto pra Arena, saindo o preço que fosse. Já estava na merda, não é?

O Uber não demorou muito, e logo começamos a corrida. Contamos sermos de fora, que estávamos conhecendo a cidade e o objetivo da noite era ver o Timão na Arena. Na hora o motorista ficou em silêncio por um instante, mas continuou a nos falar sobre a cidade e sobre os impactos positivos que a construção da Arena trouxe pra Zona Leste. Depois de um tempo, quando finalmente estávamos chegando, ele disse a seguinte frase:

“Cara, vou te falar uma coisa, eu sou palmeirense, viu? Podia te sacanear e fazer uma rota mais demorada, mas vou te ajudar nessa!”

Um motorista palmeirense foi o responsável por levar um corintiano desavisado no seu primeiro jogo na Arena. Ele até mesmo nos deu dinheiro em troca de Pix para podermos comprar as passagens do metrô na volta. O futebol é realmente uma maluquice. Só que Corinthians x Palmeiras não tem como ficar por isso mesmo. Quando chegamos na Arena, ele deu uma volta no estádio, pois imaginou estar nos ajudando a ficar mais perto da entrada. Na verdade, acabou nos deixou do lado oposto do nosso portão. Entramos correndo, passamos pela checagem de COVID, pela segurança e fomos até a entrada logo a nossa frente, foi aí que nos informaram ser do lado oposto. 

Nesse meio tempo, entre a chegada apressada e a corrida no entorno do estádio, o bando de loucos explodiu duas vezes. Foram os gols de Renato Augusto e Róger Guedes.

time do corinthians comemora gol
Foto: Danilo Fernandes/Meu Timão

Quando finalmente entrei na Arena, a atendente nos mostrou que nossos lugares ficavam, uma vez mais, no último setor. Corremos pelo saguão, enquanto o ar pulsava ao nosso redor. A energia era realmente diferente.

No momento que avistei o gramado, entrei em êxtase. Que sensação inexplicável. Que lugar espetacular. A torcida vibrando, o time lá embaixo tocando a bola. Surreal. Arrastei minha flagata pela arquibancada e fomos até nossos lugares. Comecei a cantar junto, mesmo sem ritmo, mas extasiado pela energia que emanava da Arena. O Corinthians é diferente. Até minha esposa ficou arrepiada com a torcida (mesmo que ela não assuma). 

Pude ver que o Cássio era realmente gigante, o Renato Augusto era genial, e o Fagner era raça pura. Ver os jogadores assim de perto foi, realmente, incrível. Entre cantorias e xingamentos, acabei presenciando o segundo gol do Cuiabá. Podem me considerar pé frio? Discordo, pois ambos os gols que saíram no segundo tempo foram devido a minha chegada ao estádio, estou convicto disso.

Acabei assistindo somente 20 minutos de jogo, mas foi o suficiente. Ao fim do jogo tiramos várias fotos, trocamos a grana do Uber palmeirense numa das lojas da Arena, tiramos mais algumas fotos e finalmente seguimos a massa de corinthianos em direção ao metrô. Compramos logo umas dez passagens para garantir o resto da nossa estadia na cidade. Melhor garantir, não é mesmo?

minha esposa e eu na arena corinthians
Minha esposa flagata foi a melhor companhia que pude ter nesse dia tão marcante (e na minha vida também)

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